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Qua, 18 de agosto de 2010
Que álcool e gravidez não combinam todos sabem. Mas, as futuras mamães de meninos têm um motivo a mais para se preocupar com a ingestão de bebidas alcoólicas. Médicos dinamarqueses descobriram que gestantes que bebem média de quatro drinques ou mais, por semana, afetam diretamente na quantidade de esperma produzida por seus filhos posteriormente.
Segundo os pesquisadores, quando esses meninos completam vinte anos, a concentração do esperma é um terço menor em comparação às amostras seminais de homens que não foram expostos ao álcool, enquanto estavam no útero materno.
A quantidade da bebida que pode interferir na fertilidade masculina foi determinada pelos estudiosos, liderados por Cecilia Ramlau-Hansen, integrante do Departamento de Medicina Ocupacional do Hospital da Universidade de Aarhus, na Dinamarca: 12 gramas de álcool, o equivalente a um 330 ml de cerveja, um pequeno (120 ml) copo de vinho ou um copo de aguardente (40 ml).
Os pesquisadores analisaram, de 1884 a 1987, dados de 347 filhos de 11.980 mulheres com gestações únicas. As mães responderam a um questionário sobre o consumo de álcool, estilo de vida e saúde na 36ª semana de gravidez. Os filhos destas foram acompanhados, entre 2005 e 2006, quando atingiram idades entre 18 e 21 anos, fase em que foi realizada a coleta de amostras de sêmen e sangue.
Para fazer a pesquisa, os estudiosos dividiram os filhos em quatro grupos. O primeiro com meninos cujas mães beberam menos de um drinque por semana, esse serviu de referência em relação aos outros três, que foram divididos entre um drinque e meio e mais de quatro drinques por semana. Esses grupos apresentaram, em média, concentração de 25 milhões por mililitro, enquanto os filhos que foram menos expostos ao álcool apresentaram concentrações de espermatozóides de 40 milhões / ml.
A Organização Mundial de Saúde define como “nível normal" de concentração espermática 20 milhões / ml ou mais. De acordo com Cecilia Ramlau-Hansen, a baixa concentração de espermatozóides nos homens mais expostos ao álcool está bastante próxima do limite mínimo que a OMS define para a fertilidade masculina. “A probabilidade de concepção aumenta com a concentração espermática. Portanto, é possível que homens mais expostos ao álcool poderiam ser menos férteis do que os menos expostos.".
A pesquisadora afirma ainda que como o estudo foi observacional, não podemos dizer com certeza que o álcool é o responsável pelo menor concentração de espermatozóides. “É muito provável que a ingestão de álcool durante a gravidez tenha efeitos nocivos sobre a formação dos tecidos fetais produtores de esperma, o que provocaria a baixa qualidade do sêmen na vida adulta. Ainda assim, o estudo é pioneiro, mas outras pesquisas neste campo precisam validar o nexo de causalidade que encontramos para serem criados limites para a ingestão de álcool durante a gestação”, afirma.
O ginecologista e diretor da Clínica Gera, Joji Ueno“Agora conclui que com o estudo dinamarquês, acrescentamos outra razão para insistir na proibição de álcool durante a gestação pelas mulheres. “Se a pesquisa dinamarquesa revelou que o consumo de álcool materno é uma das causas da baixa concentração de sêmen na descendência masculina, podemos estar mais perto de uma explicação para um fenômeno atual: o porquê a qualidade do sêmen pode ter diminuído, nas últimas décadas, em alguns grupos populacionais.”

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