Qui, 17 de março de 2011
Mais um dia de angústia para quem esperava a liberação de corpos no Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro. O impasse entre médicos legistas, que entraram em operação-padrão desde a última sexta-feira, e o governo do estado permanece, levando familiares que já passam pela dor da perda de um ente querido a um completo desespero. Ontem, o mau cheiro dos cadáveres podia ser sentido do lado de fora do instituto. Extraoficialmente, 35 aguardavam liberação, alguns ainda da última sexta-feira. Por conta das denúncias divulgadas por um dossiê do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), que mostrava imagens das condições precárias no local, o governo do estado começou ontem mesmo a promover melhorias como a pintura de salas do prédio.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já entrou no caso. Ontem, o procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, pediu que o Cremepe reveja a decisão que obriga os médicos a não realizarem necropsias (exame que determina a causa da morte), por causa da interdição ética do IML. A medida entraria em vigor amanhã. Mas Fenelon pediu a prorrogação do prazo até a próxima segunda-feira, data em que o governo prometeu atender 80% das reivindicações feitas pelo Cremepe. O conselho do Cremepe vai se reunir amanhã à noite para decidir se acata a proposta. O dia ´D` definirá os rumos das investigações policiais no estado. ´Sem a realização de necropsias, alguns homicídios podem ficar impunes. Isso não pode acontecer`, apelou o chefe do MPPE.
O procurador reuniu-se com representantes do Cremepe, da Associação Pernambucana dos Médicos Legistas e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE). Fenelon disse que irá pessoalmente, na próxima segunda-feira, avaliar as condições do IML. O secretário geral do Cremepe, Luiz Domingues, informou que o governo do estado fez uma reunião extraordinária na noite da última terça-feira para discutir a situação do IML e tentar fechar um acordo. O governo prometeu que, até a próxima quarta-feira, todas as queixas referentes à manutenção do IML serão atendidas, com exceção daquelas que exigem obras de construção. Para que isso seja cumprido, foi sinalizada a hipótese de dispensa de licitação. O governo investirá R$ 2 milhões em reformas emergenciais.
O Diario entrou em contato com os secretários que estavam na reunião, mas eles não quiseram falar. Participaram das discussões os secretários de Saúde, Antônio Figueira, de Administração, Ricardo Dantas, além do secretário-chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar. Estranhamente, o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, não foi convidado para a reunião, no gabinete de Alencar. O IML está sob a sua responsabilidade.
A reunião aconteceu no mesmo dia em que o Cremepe divulgou um dossiê com imagens das condições precárias do IML, com corpos jogados no chão, muito sangue nas paredes e falta de higiene. Para as famílias das vítimas de violência, o drama permanece.´Essa situação é terrível. Minha sobrinha morreu no domingo e até agora (ontem) não sabemos quando faremos o enterro. Soubemos, por funcionários, que a refrigeração das salas não está boa. O cadáver está em decomposição. É muito triste enterrar um parente nessas condições`, desabafou Alex de Araújo Lima, tio de uma mulher de 27 anos que tirou a própria vida no centro de Jaboatão dos Guararapes. (Mirella Marques e Wagner Oliveira)
"Sem a realização de necropsias, alguns crimes poderão ficar impunes, já que não se definirá a causa da morte" Aguinaldo Fenelon, procurador-geral de Justiça do estado.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já entrou no caso. Ontem, o procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, pediu que o Cremepe reveja a decisão que obriga os médicos a não realizarem necropsias (exame que determina a causa da morte), por causa da interdição ética do IML. A medida entraria em vigor amanhã. Mas Fenelon pediu a prorrogação do prazo até a próxima segunda-feira, data em que o governo prometeu atender 80% das reivindicações feitas pelo Cremepe. O conselho do Cremepe vai se reunir amanhã à noite para decidir se acata a proposta. O dia ´D` definirá os rumos das investigações policiais no estado. ´Sem a realização de necropsias, alguns homicídios podem ficar impunes. Isso não pode acontecer`, apelou o chefe do MPPE.
O procurador reuniu-se com representantes do Cremepe, da Associação Pernambucana dos Médicos Legistas e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE). Fenelon disse que irá pessoalmente, na próxima segunda-feira, avaliar as condições do IML. O secretário geral do Cremepe, Luiz Domingues, informou que o governo do estado fez uma reunião extraordinária na noite da última terça-feira para discutir a situação do IML e tentar fechar um acordo. O governo prometeu que, até a próxima quarta-feira, todas as queixas referentes à manutenção do IML serão atendidas, com exceção daquelas que exigem obras de construção. Para que isso seja cumprido, foi sinalizada a hipótese de dispensa de licitação. O governo investirá R$ 2 milhões em reformas emergenciais.
O Diario entrou em contato com os secretários que estavam na reunião, mas eles não quiseram falar. Participaram das discussões os secretários de Saúde, Antônio Figueira, de Administração, Ricardo Dantas, além do secretário-chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar. Estranhamente, o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, não foi convidado para a reunião, no gabinete de Alencar. O IML está sob a sua responsabilidade.
A reunião aconteceu no mesmo dia em que o Cremepe divulgou um dossiê com imagens das condições precárias do IML, com corpos jogados no chão, muito sangue nas paredes e falta de higiene. Para as famílias das vítimas de violência, o drama permanece.´Essa situação é terrível. Minha sobrinha morreu no domingo e até agora (ontem) não sabemos quando faremos o enterro. Soubemos, por funcionários, que a refrigeração das salas não está boa. O cadáver está em decomposição. É muito triste enterrar um parente nessas condições`, desabafou Alex de Araújo Lima, tio de uma mulher de 27 anos que tirou a própria vida no centro de Jaboatão dos Guararapes. (Mirella Marques e Wagner Oliveira)
"Sem a realização de necropsias, alguns crimes poderão ficar impunes, já que não se definirá a causa da morte" Aguinaldo Fenelon, procurador-geral de Justiça do estado.
Fonte: Diário de Pernambuco
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