Ter, 29 de março de 2011
Em 2003, o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa alarmante sobre a condição da saúde bucal dos brasileiros. Os dados indicavam que 58% não faziam uso da escova de dentes e um terço da população nunca tinha feito tratamento dentário. Na época, cerca de 40 milhões de brasileiros já tinham perdido todos os dentes, sendo a incidência maior em pessoas acima dos 65 anos. Entretanto, o índice entre os jovens também era assustador: 40% dos brasileiros com faixa etária entre 15 e 19 anos já tinham perdido pelo menos um dente e o principal motivo - 93% dos casos - era a cárie.
No ano seguinte à pesquisa, preocupado com os dados apresentados e com o objetivo de propor uma reversão do quadro, o Ministério da Saúde lançou o programa Brasil Sorridente. Pela primeira vez no País também foi criada uma política nacional para o setor. O projeto constitui-se em uma série de medidas que pretendem garantir as ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal da população.
Desta forma, o programa passou a oferecer orientação, pré-diagnóstico e prevenção através das Equipes de Saúde Bucal, que atendem nos domicílios e nas escolas e são integradas à Estratégia Saúde da Família. Estas equipes encaminham os pacientes para o tratamento especializado ou de recuperação, nos centros e laboratórios criados pelo programa. Gilberto Pucca, Coordenador de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, afirma que os dados de 2003 foram uma consequência da total falta de políticas públicas em relação à saúde bucal. "A primeira coisa que a nova política fez foi multiplicar por oito o investimento para o Sistema Único de Saúde (SUS) para esta área," explica.
Segundo Pucca, antes do Brasil Sorridente existiam 4.200 equipes no País. Hoje o número chega a mais de 20 mil, que atendem a cerca de 80 milhões de pessoas. "A demanda é municipal, então essas equipes são implantadas através da solicitação do município, independentemente do número de habitantes. Hoje, 85% dos municípios brasileiros já possuem pelo menos uma equipe", relata.
O projeto conta ainda com os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), que realizam procedimentos de média e alta complexidade como canal, gengiva, cirurgias orais menores, exames para detectar câncer bucal e intervenções estéticas.
O trabalho realizado pela política também abrange a questão da prevenção. Para isto, são distribuídos kits com escova e creme dental, além do aumento da fluoretação das águas das centrais de abastecimento público. "Uma cidade com água com flúor reduz pela metade a incidência de cárie. No Brasil, 65% da população já recebe esta água", complementa o coordenador.
Joana Melchior, dentista da Rede Sorridentes, avalia que a distribuição de dentistas no Brasil ainda é muito irregular, mas a tendência é que os índices negativos diminuam gradualmente. "De 2003 a 2011, os números já melhoraram, mas o problema também está na cultura de não ir ao dentista", Segundo Joana, a visita regular ao consultório, de seis em seis meses, evita que uma doença comum se transforme em um problema grave e sistêmico.
Fonte: Cofen
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