Seg, 18 de abril de 2011
Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba) revelou que cerca de 52% dos portadores de HIV/Aids de Salvador chegam tardiamente aos serviços de saúde. A pesquisa, que contou com o apoio da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) e foi coordenada pela pesquisadora Inês Dourado, ainda observou dificuldades de acesso aos serviços de referência. Os dados preliminares foram apresentados nesta sexta-feira (15), na Fundação Luís Eduardo Magalhães.
De acordo com a professora Inês Dourado, o acesso tardio é hoje uma das principais preocupações na luta contra a epidemia de Aids. “Tem impacto no curso clínico da infecção, na efetividade do tratamento, na qualidade de vida dos pacientes, no risco de morte e nos custos para o sistema de saúde, e Salvador apresenta alguns índices preocupantes”, informou.
O Instituto de Saúde Coletiva da Ufba trabalhou com um universo de 1.421 pacientes de HIV/Aids que estão recebendo tratamento em um centro de referência em Salvador. O número obtido na pesquisa revela que os índices da capital baiana estão acima do Estudo de Base Nacional, que aponta uma taxa de 43,7% no Brasil.
Segundo Inês Dourado, o acesso dos pacientes aos serviços de saúde num momento considerado adequado ou satisfatório permitirá, por exemplo, a melhoria na qualidade de vida; modificações no curso clínico da infecção por HIV; redução na transmissão do vírus de uma pessoa para outra; redução dos casos de morte e economia nos custos com o tratamento das pessoas infectadas. “Além disso, quando o indivíduo é tratado o risco de transmissão do HIV para outras pessoas é reduzido”, destaca a coordenadora do estudo.
A pesquisa também aponta que a maioria dos pacientes (92%) tem idade entre 13 e 49 anos. A coordenadora do estudo ressalta, no entanto, que tem crescido a incidência de casos de aids entre aqueles com idade acima de 50 anos e que também têm acesso tardio aos serviços de saúde. “Com a ampliação da expectativa de vida sexual ativa, começam a surgir os casos de pacientes com idade entre 50 e 79 anos, coisa que quase não existia nos anos 80, quando surgiram os primeiros casos de indivíduos infectados com o vírus”, explica.
A superintendente de Vigilância e Proteção à Saúde da Sesab, Alcina Andrade, aponta que um dos fatores importantes da pesquisa é fazer com que as autoridades de saúde conheçam o perfil do paciente que chega tardiamente ao serviço de saúde. “Conhecendo o perfil do paciente, conseguimos subsidiar a reorganização dos serviços e também orientar as políticas de saúde de uma forma mais adequada”, disse Alcina.
A pesquisa foi desenvolvida no âmbito da iniciativa Laços SociAids, sob coordenação da Secretaria da Saúde do Estado, através do Programa Estadual de DST/Aids e se constitui em uma parceria inovadora entre agências da ONU, Governo Federal, Governo do Estado da Bahia e instituições da Sociedade Civil, que vem sendo implementada desde 2008, mobilizando esforços de diversos atores no fortalecimento da resposta à epidemia de Aids no estado.
O estudo também contou com o apoio do UNAIDS, da ONU Mulheres, do Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia.
Fonte: Sesab
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