Seg, 05 de setembro de 2011
Um estudo publicado na edição desta semana da revista Nature relata o
desenvolvimento de um novo candidato a vacina contra a tuberculose.
Em estudos animais, o fármaco mostrou-se potente e seguro, embora os efeitos
ainda precisem ser potencializados.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a tuberculose mata 1,7 milhão de
pessoas todos os anos. No Brasil são quase 5 mil vidas perdidas anualmente.
A proliferação de cepas resistentes aos medicamentos está tornando o
desenvolvimento de uma vacina contra a tuberculose uma questão urgente.
Vacina contra a tuberculose
Depois de mais de 80 anos de estudos, os primeiros fármacos candidatos a
vacina contra a tuberculose começaram a ser testados em 2009, mas os resultados
não são esperados antes de 2016.
A única vacina atualmente usada, a BCG (Bacille Calmette-Guérin),
tem-se mostrado inconsistente e não protege contra a tuberculose pulmonar.
Para o Dr. William Jacobs, coordenador da nova pesquisa, uma vacina eficaz
contra a tuberculose exige um melhor entendimento dos mecanismos que a bactéria
Mycobacterium tuberculosis usa para se evadir das defesas do sistema imunológico
humano.
Bactérias parentes
Jacobs e seus colegas trabalharam com uma parente da bactéria da tuberculose,
a Mycobacterium smegmatis, que é fatal para camundongos mas não causa
problemas para os seres humanos.
Quando um conjunto de genes, chamado ESX-3, é retirado dessa bactéria, ela
não consegue mais fugir do sistema imunológico dos animais.
Contudo, retirar esse mesmo conjunto da M. tuberculosis simplesmente
mata a bactéria, o que impede sua manipulação para produzir a vacina.
Os cientistas partiram então para substituir o conjunto de genes ESX-3: eles
pegaram a M. smegmatis sem ESX-3 e inseriram nela o conjunto análogo da
M. tuberculosis, o que aumentou o tempo de vida dos animais em quase três
vezes (de 54 para 135 dias).
E os animais que viveram mais apresentaram níveis reduzidos da M.
tuberculosis no seu fígado, um efeito inédito.
Esperança
Apesar de animadores, os melhores resultados só foram obtidos em um em cada
cinco animais, que viveram mais de 200 dias.
Isto mostra que a vacina ainda terá que ser bastante potencializada antes de
ser considerada eficaz.
"Nós nem mesmo sabemos se ela vai funcionar em humanos, mas é certamente um
passo significativo no esforço para criar uma vacina melhor contra a
tuberculose," concluiu o pesquisador.
Fonte: Diário da Saúde
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